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Cigarros

por A Viciada

    Não pego leve com meus vícios, não os perdoo, e tampouco perdoo as paixões baratas por quem não se importa. Aceito essa solidão perpétua de uma vida breve. Coração, pulmão, rim, fígados, dentes; para mim, são só coisas que vão amarelar e apodrecer como papéis e frutos. Se nessa jornada a dor bater como um soco de punho fechado, uma caixa de remédios poderá fazer passar. A partir de agora, toda dor é física, o que era emocional já foi afogado, não importa em que copo ou rio. Não há prazo para o fim, há promessa. É um silêncio imutável no meio de todos os pensamentos inquietantes sobre toda essa merda. Não há certeza, chamo de acomodação, e isso, não me leva a canto algum. Quando você se acomoda, pode morrer num beco, pode ter uma convulsão ou simplesmente ter o azar de ficar sóbrio o bastante para dar um tiro na cabeça. Não há fraqueza; se ainda me sustento, ainda insisto. No fim, se o tiro for disparado, será somente uma saída triunfal em comparação às hipóteses. Caixão, cemitério, flores; são só coisas que ninguém me dará e não vou pedir. Há um acordo: o mundo continua sendo uma merda, eu continuo exagerando, e isso, meus caros, me levará a algum lugar, não importa qual.

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